Não chegou ao fim, de fato

Querido diário, consegue acreditar que 4 semanas passaram tão rápido? Eu não consigo. O dia todo passou um filme na minha cabeça de como foi minha estadia aqui e parece que foi ontem que eu cheguei e ao mesmo tempo parece que eu tinha toda uma vida aqui e estou tendo que deixá-la. Exagero? Bem, eu sou sim uma pessoa exagerada, mas vou tentar explicar e quem sabe você há de concordar que não é tão hiperbolismo da minha pessoa.
Eu descobri que amo meu país, que apesar de toda injustiça e calamidades existentes no Brasil, é minha raiz, é meu lar, é onde estão todas as pessoas que eu amo nessa vida. (tem que ser nessa vida né, já que não acredito em reencarnação) nerver mind. Mas morar em Londres foi uma experiência única, inesquecível e de muita aprendizagem em vários setores [Porque eu disse morar em Londres sendo que fiquei apenas um mês aqui? Vejamos, idependente da quantidade de dias que você ficar aqui, alguém sempre vai se refererir ao lugar que você está hospedado como sua casa e também não importa se você é do Brazil, do Canáda, da China ou de Terabitia, sempre vão perguntar onde é sua casa em Londres. Okay, mas isso é apenas um detalhe, a questão é: Por mais que tenha sido apenas um mês, eu não fiquei em hotel, eu não passiei apenas, eu fiquei em uma casa de família inglesa, fiz um curso numa escola inglesa, eu usei a moeda deles (tem moeda de 2 pens, acreditam? Super interessante. rsrs) falei o idioma deles, como a comida ruim deles, usei um SIM card deles... Anyway, eu entrei na cultura deles, pra se ter uma ideia, eu me vi torecendo para a Inglaterra nos jogos da Eurocopa, mesmo não acompanhando. Eu me vi pesquisando sobre a família real para entender melhor quem é quem daquele povo que não me convidou pro tão famoso chá britânico. Eu me vi sentada no metrô lendo jornal com cara de conteúdo para me sentir intelectual como eles. hahahaha Enfim, eu tive uma rotina aqui. Se eu não tinha uma rotina no Brasil? Claro, porque que vocês acham que eu quero ficar? kkk Mas é diferente, eu sai do Brazil com data certa para voltar, com a certeza de que iria voltar. Então por isso a sensação de que estou deixando um lugar que 'morei'. rsrs
De qualquer modo, sei que sou retarda, mas não sou tão iludida a ponto de acreditar que a vida aqui é um conto de fadas e que os elefantes são cor de rosa e voam, o que vivi aqui foi uma vidinha de turísta disfarçada de estudante, sombra e água fresca na maior parte do tempo. Agora, vir para cá e trabalhar para se sustentar e 'fazer' a vida como muitos vem, ah, isso já é outra história.
Passei tempo suficiente aqui para poder observar que em Londres você raramente vê londrinos, ou ingleses que sejam, pois estes estão foram de Londres, em outras cidades mais afastadas, aqui você vê todo o mundo, gente de tudo quanto é lugar que você puder imaginar, mas não da própria Inglaterra. Por que isso? Ahhhh, chegamos onde eu queria. Porque Londres/Inglaterra é um lugar simplesmente fantástico? Belezas únicas e etc? Claro que não. Quantos mil's lugares que são paraísos na terra que vemos em todo o mundo? A questão é que Londres é a capital cultural e financeira de um paíz que hoje sua moeda é a mais cara do mundo, de um paíz que sabe fazer dinheiro brotar no asfalto. É inacreditável como os caras usam TUDO para comercializar e faturar. Eles pegam coisas teóricamente simples como um táxi, uma cabine telefônica e um ônibus e disso fazem toda uma comercialização, souvernirs aqui é carissímo, anyway. Você não vê ingleses fazendo o 'serviço sujo', digo, você não os vê trabalhando de serviços 'ralantes', de peão mesmo, (digo serviço de peão com todo respeito, apenas uma forma de expressão) porque tem milhares de pessoas que vem do mundo todo para fazer a mão de obra para eles. É muito fácil distinguir um inglês de um indiano e de um chinês, mas não tão fácil de diferenciar com os demais europeus, mas para saber que é britânico, basta olhar as vestes mais formais, enfim, é muita coisa e já escrevi muito e tenho tanto para falar ainda que minha mente chega a estar mais confusa que o normal. rsrs
Meus últimos dois dias aqui foram ótimos. Me diverti, assisti Mamma Mia, um musical fantástico, ah, entre outras coisas. u.ú
Mas olhava tudo de forma diferente...aquele caminho de todo santo dia estava com um gostinho mais forte...saudosista...anadava admirando pequenas coisas com cuidado pois, por mais que eu tire fotos e escreva, não consigo descrever minhas sensações e emoções...e uma dessas sensações é de tristeza, não consigo evitar, mesmo indo ainda para Paris, mas não vou voltar para Londres, as outras viagens que fiz eu sabia que logo estava voltando. Sei que devo estar parecendo extremamente dramática, bom, essa sou eu (hahahaa) e que não estou sentindo falta da minha família e amigas (os), mas mew, ah, não sei explicar, apenas não quero ir, apenas quero ficar...só não é possível.
Nessa minha última noite, esolhi o rio Thames, a London Eye e o Big Ben como cenário de despedida...caminhei por eles do entardecer ao anoitecer e sinto que não poderia ter feito escolha melhor...sem fotos, apenas guardando o sentimento dentro de mim.

Meu tempo aqui acabou, mas não chegou ao fim, sinto que voltarei um dia...deste lugar, levo comigo o que consegui de melhor e nada do que eu escreva poderá explicar!

Obrigada a todos que me acompanharam nessa curta jornada! <3

Eu sempre disse que amo ler porque ler me leva ao mundo do inimaginável, a lugares que eu sempre sonhava estar, mas apenas viajava com a força do pensamento, na imaginação que os livros me ajudavam a criar.

Hoje contei a minha própria história, agora fecho meu livro, mas não terminei de escrever!

Última edição do Diário de Bordo por Silene Macena, diretamente do mundo de Londres.